quarta-feira, 26 de junho de 2013

LIÇÃO FLIPERAMA

"Posso te desafiar"?
Essa talvez fosse a indagação mais importante do início dos anos noventa.Durante a minha infância e pré adolescência essa frase tinha múltiplos sentidos,mas em suma era um momento decisivo que separava o joio do trigo.Entrar contra outra pessoa no fliperama não significava simplesmente "pressa de jogar",havia uma questão de briga por território.Era algo como Aquiles desafiando Heitor no filme "Tróia",embora alguns "viciados" se respeitassem e aprendessem uns com os outros, entrar contra e ganhar significava ser o "Macho dominante" da máquina,o referencial de especialista,o temido,o invejado entre outros predicados.
Mas outro tipo de jogador causava mais impacto.Aquele não perguntava nada,simplesmente colocava a ficha,assumia o controle 2 e retirava todos os pirralhos que costumavam ficar plantado nele de forma hostil.
Esse tipo em especial,sabia que ganharia do oponente desafiado,mas ele entrava contra pelo simples prazer de humilhá-lo.Lembro-me que muitos garotos guardavam suas fichas esperando o tal sujeito ir embora,simples assim,sem medo de parecerem covardes,tão somente por não respeitarem o "folgadão" o suficiente para perder pra ele.

18 anos depois,crescemos,nos tornamos homens e muitos ficaram pelo caminho,mas o curioso é que ainda continuamos jogando o tempo todo.Mas desta vez o oponente é muito bom e merece respeito o DESTINO.Muitas vezes ele faz o papel do sujeito n°1 e pergunta se "pode nos desafiar?",e por mais que nos achamos que aprendemos com jogadas anteriores,percebemos que ELE aprendeu um golpe novo que nós não conseguimos defender e então acabamos perdendo mais uma vez.
Em outras ocasiões o DESTINO faz o papel do sujeito n°2;simplesmente nos desafia sem perguntar nada,então procuramos dar o nosso máximo para "defender as sequencias de golpes" enquanto há uma platéia enorme a nossa volta,quase sempre torcendo pela nossa derrota. Mas...é aí, nesse exato momento que paramos e pensamos: "Bem,já que não posso DESLIGAR A MÁQUINA O jeito é continuar jogando!" E essa atitude faz com que o cinzeiro transborde de fichas e desta vez quem desafia o DESTINO somos nós!


terça-feira, 18 de junho de 2013

A MAIOR DE TODAS AS EDIÇÕES

São Paulo 17 de junho de 2013
João Brazil,um homem comum.Negro,operário da construção civil lavava sua a marmita 20 minutos depois que acabara seu horário de almoço,coloca a colher por sobre o pano de prato,ao relembrar as gozações da noite anterior dentro do ônibus quando os seus amigos da obra faziam piadas sobre a "sinfonia da colher" que batia na marmita vazia enquanto o ônibus trepidava na Av. Celso Garcia em pleno domingo.Segundos depois João sentiu um calafrio que subiu dos pés a cabeça,seu corpo começou a tremer e João começou a ter a sensação de que algo ruim ia acontecer.Ele já não conseguia mais concentra-se no trabalho.
-Raimundo,me ajuda!-Disse João chamando o amigo que estava cochilando.
-Que foi home? -Respondeu Raimundo desesperado tirando o boné da frente dos olhos.
-Sei lá Raimundo me deu um calafrio agora rapaz.
-João Brazil toma tenência,vê se resolve aquela parada que conversamos ontem.
-Que parada Raimundo?
-Aquela presepada que o pai de santo lá de Ibitirama falou pra tú!Que tem um espírito maligno querendo lhe derrubar,essas coisas não é brinquedo não "caburé".-Falou Raimundo pegando a bituca do chão.
-Raimundo,amanhã nos estamos de folga, vamos procurar um centro espírita,você vai comigo?
-Home,eu não sei porque tanto medo.Sua família inteira é do candomblé.
-Você vai ou não vai comigo?
-Deixa estar rapaz,sábado a gente vai atrás disso.Bora trabalhar.
 chegou  a terça feira de folga e João sentiu aquele arrepio logo cedo,e desta vez aumentaram as ocorrências de tremores,e ele pensou que aquele seria definitivamente seu último dia de vida.
Entrou na primeira seção de Mesa Branca e ao pisar na porta a médium deu uma gargalhada possuída por um espírito e falou gargalhando de uma forma fantasmagórica:
...O Brasil cairá de joelhos!!!!João saiu correndo nem esperou Raimundo que largou o dinheirro da consulta em cima da mesa e foi atrás do seu amigo.
-Calma Joãooo!!!!,meu veio tu tem que encarar a situação home.
-Preciso beber alguma coisa Raimundo,eu tô muito nervoso!!!
Três goles depois,procuraram outro médium.Pois o trauma da gargalhada ainda era grande!
-Chegaram de fronte uma espelunca na Vila Matilde e se depararam com um idoso,branco e de olhar singelo que resolveu fazer a consulta.
De repente o senhor abre os olhos já possuído pelo espírito,olha fixamente para João e diz novamente gargalhando:
- "O Brasil cairá de joelhos!!!"
João tenta correr e Raimundo o agarra subitamente.
-Não corre não rapaz,vamos resolver isso agora "qui nem home" 
-Pois bem,quem é tú que tá falando???? Perguntou Raimundo ao possível espírito.
-Há há há há Sou Roberto Civita,e o Brasil cairá de joelhos ao ver a próxima edição da Revista VEJA referente as manifestações contra o Governo!!!Eu não poderia ter desencarnado antes desta revista sair!!!
João Brazil saiu de lá mais aliviado,pois não conhecia nem um Civita.E por não conhecê-lo voltou ao bar,pediu uma porção de "feijão" de corda,bebeu mais três doses e nem reclamou do preço da porção! E a partir dali curiosamente os tremores pararam.